É muito mais que tudo isso...

      Viver é mais do que simplesmente acordar em uma rotina e ter as mesmas ações todos os dias e noites. Viver não é previsibilidade, é improviso, criatividade. Não que a rotina não deva existir, lógico que sim e, confesso, até gosto da rotina, porque se ela não existisse não seria tão bom quebrá-la. Afinal, nem só de rotina o homem viverá e nem o desprendimento apenas te sustentará, porque se não, o quebrar a rotina acaba virando um ato rotineiro.

      Surpreendente é quando vemos as pessoas que se apegam de tão forma ao cotidiano que acabam o tendo como escora, como padrão correto de vida, como referência. Um vício. Sei lá, mas isso para mim é quase uma doença, doença estacionária de falta de expectativas. Acredito em coisas boas, mas nada está completamente bom que não precise ser mudado, melhorado, tornar-se mais feliz.

      Sair da rotina não é fazer da vida uma surpeficialidade. É justamente o contrário, é observar os detalhes, o devagar, o diferente que há no corriqueiro e que, na correria do dia-a-dia, dos compromissos, das conurbações urbanas não conseguimos ver, mais que ver, não conseguimos aproveitar – eu sei, é difícil para um rotineiro entender. Viver para mim é o maior verbo de todos e onde as possibilidades de conjugações superam todos os tempos e formas verbais que possam existir em todas as línguas, juntas. É um verbo literalmente Mais que Perfeito e que não exclui nada mais, pelo contrário, coexiste com tudo. Tudo é vida ou é transformada por ela.

      Viver é ser livre, é dar liberdade ao movimento, pois nada fica parado quando se vive. Quando um faz, outro responde. É simples assim, ação e reação. Viver é desejar o que ainda não se conhece, para transformar isto em vida. Como dizia sabiamente Clarisse Lispector: “liberdade é pouco, o que eu desejo ainda não tem nome”.

      Uma boa semana, mais que isso, uma boa vida para todos nós!